Ourivesaria Reis, Filhos, Porto

Em 1880 a ourivesaria Reis abre na Rua de St.º António, no nº 239, fundada por António Alves dos Reis, e ainda nesse espaço passa a ser Reis, Filhos. Em 1905 arrendam o edifício e pedem a 26 de dezembro desse mesmo ano, autorização à Câmara Municipal do Porto, para alterar a fachada, passando assim a ser, Ourivesaria Reis e Filhos, Lda. pois os seus filhos Manuel Duarte dos Reis e Seraphim Reis, também faziam parte do negócio.(1) 
    Em 1906 é aprovado o projeto em Sessão da Câmara pelo parecer do Arqº. José Marques da Silva, técnico da 3ª. Repartição / Obras Públicas; 1914, e a 18 de agosto, e pedem o requerimento para proceder à execução de uma sala de exposições e frente no prédio nº 203 da mesma rua 31 de Janeiro a 20 Agosto 1984 - Aprovação do projeto em Sessão de Câmara. (2) Ver projeto aqui 
    Este edifício de arquitetura civil comercial de estilo Arte nova, em ferro fundido com referências Rocaille com concheados e ondulantes volutas, tem semelhanças com a Ourivesaria Cunha e a Casa Vicent também na mesma rua em 1905.
  Construiu-se assim um dos raros exemplares da arquitetura comercial com referências Arte Nova no portal encimado pelo busto feminino, terminando em bico muito semelhante aos outros dois casos. Todas elas foram construídas pela Companhia Aliança, onde o trabalho em ferro fundido se assemelha  à arte de ourivesaria na prata lavrada e cinzelada, também visível nos interiores de madeira do mobiliário com talha dourada. A Companhia Aliança, foi uma parceria entre a Fundição do Ouro e a mais importante fábrica metalúrgica do Porto, a Fundição de Massarelos, mas encerra no princípio da década de 1980, após 125 anos de atividade.(3)
Marcel Lebrun (FRANÇA, 1867-?). "Joalharia Reis, Filhos-Porto",  técnica de guache, dim.: 26 X 35 cm. Assinado e localizado (Paris) no c.i.e. Cartaz original publicitário do início do séc. XX. em: lcenturysarteeleiloes.com.br/destaques.asp?Num=117&pag=9&tipo=,

Esta loja insere-se ao nível do r/c num edifício de três pisos e prolonga-se para outro edifício da R. 31 de Janeiro, de dois pisos. A fachada principal é constituída pela associação de duas devantures em ferro fundido. A de gaveto é constituída por duas grandes montras para cada rua (2.58 m), definindo no cunhal um alpendre coberto, rematado na parte superior por elementos vegetalistas sobrepujados por frontão de volutas com um busto feminino ao centro. No prolongamento desta devanture e para a R. 31 de Janeiro a antiga rua de Santo António, uma outra formada por uma porta central de duas folhas, ladeada por duas montras. O entablamento é suportado por duas pilastras. A partir da entrada no gaveto chega-se ao designado Salão Luís XV (antigamente destinado à Exposição de Pratas), que estabelece ligação com o Salão Império (destinado outrora à Exposição de Joias). A primeira sala encontra-se decorada com o mobiliário original em nogueira dourado e a segunda com móveis em mogno decorado com elementos em bronze dourado e patinado e vidros em cristal. A vitrine principal deste salão é encimada por uma águia e a base é constituída por dragões alados. Os dois Salões ainda apresentam os tetos com pinturas. (2)
Anuncio da casa na morada inicial,  e imagem da fachada inicial na rua de Sto António, no nº 239, 
Publicidade, in: Almanaque de O Primeiro de Janeiro para 1918 e anúncio para a ourivesaria, situada na esquina da rua Santa Catarina n. 5, com a Rua 31 de Janeiro, n.º 247, Porto, publicado na revista Occidente (1878-1914)  Junho de 1938.
Fatura-recibo da casa Reis, Filhos impressa na Litografia Nacional, no Porto em uso em  1911. Coleção particular. Publicado na revista O Tripeiro, 7ª série, ano XXIII, n.º 2
Publicidade na revista Contemporânea
Vol. 3, N.º 7, Jan. de 1923





MARCA COMERCIAL DA CASA:
A marca comercial da loja alocada numa peça em prata, junto do contrates da Casa da Moeda, 'javali II' em uso de 1887 a 1937, e a respetiva marca do ourives Manuel Alexandre de Almeida Júnior (1918-1959) cujo espólio da sua oficina foi doado ao museu Museu Guerra Junqueiro, no Porto.
Vd. SANTOS, Sandra Cristina Almeida - "Contribuição para o estudo da doação da oficina de ourivesaria de Almeida Júnior Casa Museu Guerra Junqueiro". Porto: Faculdade de Letras, Universidade do Porto, 2013.

Publicidade na revista ilustrada portuguesa, Portugal e do estrangeiro' O Ocidente' N.º 911 de 20 de abril de 1904. (4)
Mais recentes são as marcas que só apresentam Reis Joalheiros Reis. Porto, acompanhados do contraste 'águia' de 833 milésimas, datada de 1938-84, sendo a ultima a mais recente.  
Baixela pertencente ao Sr. Visconde de São João de Pesqueira, com desenho de Rafael Bordalo Pinheiro, e obra dirigida por Guilherme Soares, composto por: Grande centro de Mesa com Plateau, centro floreira e dois candelabros serpentinas, em prata Neomanuelina, da Casa Reis & Filhos, intitulados por joalheiros da Suas Majestade.





A casa também tinha encomendas de sua autoria, segundo este desenho aquarelado em papel vegetal representando modelo de candelabro de prata. Assinado e datado 1959. Dim.: 32 x 43 cm.





Fontes: 
(1)LEITE, José, blogue Restos e Coleção, em: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2021/02/ourivesaria-e-joalharia-reis-filhos-lda.html
(2) SIPA, Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, em: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=513
(2) CORDEIRO, José Manuel Lopes (1999). O triste fim da Fundição do Ouro, in: Jornal Publico, em: https://www.publico.pt/1999/04/25/jornal/o-triste-fim-da-fundicao-do-ouro-132703
(4) O Occidente, em: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente/1904/N911/N911_item1/P5.html

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