A produção de joalharia na Europa medieval era muito
limitada pela escassez no acesso às matérias-primas como ouro, prata e pedras
preciosas. Sendo que se consignava apenas às elites como altos dignitários do
Estado e da Igreja. Ouro, prata, rubis e diamantes, chegavam à Europa vindos do
longínquo e desconhecido Oriente, por via terrestre através da rota da seda,
entrando na Europa via Veneza, em pequenas quantidades, apenas acessíveis a
muito poucos mas, não menos fascinantes e por isso mesmo, desejadas. As jóias na
Europa medieval, constituíam-se como símbolo de status e devoção de
representação, em que o sagrado e o profano embora separados, por vezes se
cruzam, num mimetismo de cerimonial, reservado à nobreza, à corte e à Igreja, e
até à nobreza. Assim a pouca produção traduz-se em cruzes processionais,
cálices, custódias, anéis, colares, fazem parte das tipologias ligadas ao
cerimonial, que ainda hoje podem ser encontradas em espaços museológicos e que
nos revelam o gosto antes da “revolução” proporcionada pela abertura da Rota do
Cabo em 1498 e que permitiu o acesso directo aos mercados abastecedores.
A Europa vê-se então “inundada” de matérias – primas,
algumas até desconhecidas, a preços mais acessíveis, que transformam o gosto e
os hábitos de consumo, ao ponto de ter sido necessário legislar para controlar
a ostentação da riqueza, ao longo dos reinados de D. Manuel, D. João III e D.
Sebastião.
O gosto pela joalharia propaga-se, torna-se objecto de
desejo e de adorno, popularizando-se para as classes mais abonadas, sem perdendo
no entanto, a sua aura de devoção das peças de culto e representação,
privilégio das elites, que se tomavam como patronos e incomodadores de grande
escala, para colecção e ofertas por devoção e paixão.
Objectos faustosos e raros muitas vezes ricamente
ornamentados com pedras preciosas, ouro e materiais raros e exóticos como o
marfim, a casca de tartaruga, o coral, que expunham em gabinetes de
curiosidades, onde com espanto eram admirados e a joalharia eram armazenados em
estojos e caixas de couro adornados com filamentos de ouro, forrados com sedas e veludos, que os contornavam
na perfeição. Mais tarde a partir da 2ª metade do século XVIII, altura em que
se produziram estojos com duas funções essenciais: os de viagem e os de
aparato. Como exemplos desses estojos seguem imagens de pelas portuguesas com
os respectivos estojos do séc. XVIII que se mantêm ainda pelo séc. XIX.
Exemplo: Pendente e brincos em prata e ouro, do séc. XVIII, cravejados com diamantes, estojo em antecâmara revestido a couro vermelho, com gravação com ferros e ouro. Conjuntos com peso aproximado de 28,4 gr. Dim. max.: 4 a 4,5cm.
Comentários
Enviar um comentário