A Filigrana, arte de trabalhar fios e como indica a palavra “fili” e “grana”, consiste na utilização de uma trança de dois fios metálicos torcidos e achatados, que no seu perímetro formam um padrão recartilhado. Esta forma primitiva de torcer e enrolar dos dois fios, é fundamentalmente uma técnica de ourivesaria, e insere-se no tipo de Ourivesaria Popular. Não sendo especifica apenas da nossa tradição cultural, tem vindo a permanecer nas nossas tradições culturais sendo uma referencia e característica das artes portuguesas.

Duas correntes têm acompanhado a filigrana ao longo do tempo, em relação à sua produção e uso.
Num primeiro momento, aparece como artefacto secundário da jóia, como técnica de primor e de «sentimento artístico», aplicada a adereços de luxo, de uso profano e sagrado, com apurado gosto no desenho, cujo imaginário e configuração artística a integravam num tipo de ourivesaria própria das classes mais elevadas da escala social. A filigrana foi aplicada em importantes peças de ourivesaria litúrgica, de que se são apurados exemplos o cálice de prata dourada do Mosteiro de Alcobaça, a Cruz de D. Sancho, exposta no Museu de Arte Antiga, as quais exemplificam o uso da filigrana, como ornato único. A filigrana vive então das jóias, nada valendo sem elas, como os brincos e corações opados em chapa com filigrana aplicada sobre a mesma, permanece com esta função até ao século XIX.
Num segundo momento, no segundo quartel do século XIX, a filigrana mais complexa liberta-se da chapa que decorava, ganhando lugar de peça individualizada; presa sobre um fio de estrutura ou armação, fios torcidos e enrolados emergem com delicadeza criando verdadeiras obras de arte de grande e pequena escala.

Todas estas tipologias de ouro filigranado não são só um ornamento, são também vistos como uma capitalização certa e segura de economia, visto sempre com uma reserva de valor.
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