Tiara de D. Maria II vai a leilão na Christie's

 

 Os 9 elementos 



O anúncio do leilão de joias Christies com a venda da tiara da nossa Rainha D. Maria II no leilão de Genebra já a 12 de maio, deixou todos em sobressalto, inclusive o Diretor do Museu Nacional da Ajuda José Alberto Ribeiro, que quer tê-la no novo museu e anda à procura de mecenas, mas será que se arranja tanto dinheiro? (Valor de catálogo: 153 e 317 mil euros)

A Rainha D. Maria II de Portugal (1819-1853), foi retratada em 1846 pelo artista austríaco Ferdinand Krumholz com esta tiara de diamantes e safiras, que como se pode ver e acompanha-se de uma pulseira e de um alfinete cravejados também como conjunto, e este retrato a óleo encontra-se na sala do trono do Palácio da Ajuda, em Lisboa.
A coroa é composta por nove elementos numerados e destacáveis, por fechos de palheta, que podem ser usados como alfinetes, é cravejada com 5 safiras azuis com um peso total estimado de 32-35 ct, e a central mede19,15x15,6x7,65mm, tem um relatório de origem birmanesa.


Após a morte da Rainha, em 1853, a tiara foi avaliada em 2.000 $ 000 réis (2 contos de réis) e descrita como uma coroa “formada por nove elementos destacáveis incrustados com um total de 1415 diamantes de lapidação brilhante e cinco safiras de cor fina”. O avaliador referencia que todos os diamantes maiores eram de boa qualidade, limpos e bem lapidados.
Após a morte da Rainha esta tiara foi herdada por umas das duas filhas, Infanta D. Maria Ana (1843-1884) ou Infanta D. Antónia (1845-1913), qua acaba por casar em 1861, com Leopoldo, príncipe de Hohenzollern-Sigmaringen, como diz o Jornal Económico

Mas há outra possibilidade, segundo o investigador João Júlio Teixeira a joia ficou para D. Maria Ana que se casou com o herdeiro do trono de Saxe, Príncipe Jorge (1832-1904) em 1859 e a tiara foi para ao reinado Saxe nessa altura.

Retrato a óleo de D. Maria II, dádiva da Rainha à Câmara Municipal de Angra, trazido de Londres em 1829, pelo Conde de Vila Flor, depois Duque da Terceira e por Teotónio de Ornelas Bruges. Pintura do inglês William Fowler, responsável pelos retratos da própria Rainha Vitória.

D. Maria Ana nunca foi Rainha da Saxônia devido à sua morte prematura. Esta joia passou para o seu filho mais velho, o príncipe Frederico Augusto (1865-1932), de a deixa à sua filha, a princesa Margaret Karola (1900-1962).
Em 1920 a Princesa Margaret Karola casou-se com outro bisneto da Rainha Maria II de Portugal, o Príncipe Frederico de Hohenzollern-Sigmaringen (1891-1962), neto da Infanta D. Antónia. A princesa era frequentemente retratada a usar a joia,  bem aberta e colocada na testa, como se usava nos anos 1920 ou com o aro fechada, como foi vista em 1961 na festa de casamento de seu filho o Príncipe Joahann Georg (1932-2016), com a princesa Birgitta da Suécia (n.1937) no palácio real de Estocolmo.
A joia foi vista em público pela última vez em 1967, quando foi usada pela princesa Birgitta no casamento da sua prima, a herdeira do trono dinamarquês e hoje Rainha Margarida da Dinamarca.

Bem até fiquei baralhada com tantas voltas!! O que quero saber é se a tiara volta para cá, isso é que era. :) 



A Tiara da Rainha D. Maria II, não vem para Portugal, pois acabou por ser vendida na Christie’s por 1.450.000 francos suíços.
Ao que tudo indica, Portugal foi até aos 650.000, tendo sido essa a última oferta de Pedro Girão, e a partir daí, a disputa foi entre dois ingleses, provavelmente antiquários. 
Com uma estimativa tão baixa, era previsível que Portugal não conseguisse desbloquear a verba necessária.

 
Em comparação, os nosso vizinhos Espanhóis também não conseguiram levar para casa a tiara que pertenceu à rainha Victoria de Espanha pois a Sotheby’s, vendeu-a por 1.470.000CHF e que já fazia prever este desfecho, com a da nossa Rainha. 

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